A ansiedade da espera de um telefonema que parecia nunca chegar começou a alimentar em mim uma angustia que se materializou na forma da intensificação de terríveis incômodos, que antes me pareciam impossíveis de se piorar, foi então que pioraram... o desespero foi tanto que não me controlei e precisei tomar uma decisão definitiva. Peguei um tesoura, a mais pontiaguda e afiada que encontrei e caminhei até o banheiro mais próximo decidido com acabar de vez com aquele sofrimento, olhei-me no espelho, empunhei a tesoura de ferro prata reluzente e me despedi pela ultima vez da imagem que via. Sem dó desferi um golpe certeiro em meu pulso direito deixando por cair ao chão o causador do meu sofrimento. Aos poucos comecei a ser tomado por um êxtase, uma sensação de liberdade nunca antes experimentada, senti meu corpo mais leve e a cada novo golpe com a tesoura o sentimento aumentava. Por fim me sentia em um novo mundo, via as coisas com novas cores, tudo se tornou melhor do que antes.
As pessoas aos poucos começaram a adentrar ao recinto, em suas feições estavam estampados sentimentos como repreensão e preocupação diante a cena. Ninguém era capaz de entender o motivo. Parados ali se perguntavam o porque, não eram capazes de entender meus motivos, não sabiam o quão grande era a sensação de encarceramento, de inutilidade, de incapacidade proporcionada por aquela algemas mista de gesso, algodão e ataduras que teoricamente deveriam ajudar o processo de cicatrização da fratura do meu punho mas estavam sim podando a minha liberdade.
Muito legal!!!! rsrsrsrsrs
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